Esta foi a ordem que Deus deu a Abraão, nosso grande Patriarca e Pai na fé. Ele obedeceu e saiu de Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia, aonde hoje é o Iraque e se estabeleceu em Canaã. Sair da própria terra significa deixar a segurança, o conhecido e seguir em direção ao novo que revela desafios e novidades. A antropologia se coloca esta questão: somos inclinados ao sedentarismo ou ao nomadismo? A estabelecer morada fixa ou a vivermos em constante peregrinar? Uma resposta possível é esta: nos primórdios, aqueles que tinham uma atividade pastoril, ou seja, cuidavam de seus rebanhos eram obrigados a peregrinar em busca de água e alimento para seus rebanhos, portanto eram nômades. Por outro lado, aqueles que se dedicavam à agricultura, ao encontrarem terra fértil, ali se estabeleciam. Assim nasciam esses dois modus vivendi do ser humano: o nômade e o sedentário, representados belamente na Bíblia por Caim e Abel. Caim era agricultor, enquanto Abel era pastor de rebanho. Voltando à nossa índole nômade ou à nossa necessidade de peregrinar dizemos: nem sempre é fácil deixar a terra. Para tal é preciso uma certa liberdade interior, uma certeza de que aqui não temos morada definitiva. Hoje, mais do que em tempos passados, muitos acreditam ser eternos! Lêdo engano! Somos nômades!
Unidade na diversidade! Outro fato que me motivou esta reflexão foi a passagem dos jovens estrangeiros peregrinos que passaram por aqui, rumo à Jornada Mundial da Juventude. Uma experiência enriquecedora para eles e para nós. Para ambos uma oportunidade de “deixar a terra”, de vislumbrar novos horizontes, conhecer costumes, línguas, e, sobretudo pessoas. De sermos mais cosmopolitas e menos provincianos! A passagem destes jovens e dos padres por aqui nos fez perceber também a riqueza de nossa Igreja. Somos dois bilhões e duzentos milhões de católicos espalhados pelo mundo inteiro. Percebemos dentro da Igreja uma diversidade muito grande. Há uma unidade nas coisas essenciais, porém, se respeita a índole de cada povo, procura-se respeitar a singularidade de cada cultura. Unidade na diversidade é a palavra de ordem: vale lembrar aquele dito do grande Santo Agostinho – “In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas” (nas coisas essenciais, unidade; nas secundárias, liberdade; em tudo, caridade!). Assim, podemos concluir, por exemplo, que há muita diferença em ser católico no Brasil e em Taiwan, mas a mesma fé nos une!
Jornada Mundial da Juventude! Estamos nos preparando para a JMJ, que acontecerá de 23 a 28 de julho na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. O Cristo Redentor nos recebe de braços abertos. Esses grandes eventos com jovens nos ensinam que nossa juventude pode abraçar os verdadeiros valores: a fé, fraternidade, amor! Não vivemos uma simples época de mudanças, mas uma mudança de época, ou seja, de transformações profundas que desafiam a nós pastores. No dizeres do Beato João Paulo II, devemos buscar novos métodos, novas linguagens para nos aproximar dos jovens. Temos diante de nossos olhos a realidade virtual, as redes sociais, a troca da convivência no mundo real pela alienação no mundo virtual. O perigo da alienação de nossos jovens numa sociedade líquida, sem valores sólidos. Caminhar pelas estradas perdidas de minas, fazer amigos, sentir o calor e o acolhimento das comunidades é algo que não pode ser trocado pela convivência fria e sem rosto das novas mídias. Alguns afirmam que hoje, o principal temor de nossa juventude é estar desconectado! Assim, vamos buscando meios para conectá-los, sobretudo a Cristo e seu Evangelho que é fonte de perene alegria e verdadeira realização.
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