Obras que se inspiram no pitoresco do cotidiano sem nunca perder a aura artística, com forte influência do regionalismo de Minas Gerais, têm espaço especialmente elaborado no Centro de Arte Popular – Cemig, localizado no coração de Belo Horizonte.
Com cinco anos de funcionamento, o museu, vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e integrante do Circuito Liberdade, já se consagrou como lugar de apreciar a cultura de toda gente do estado, sempre com programação diversa e gratuita.
Virgínio Rios é um artista que na adversidade descobriu seu talento e encontrou o incentivo do CAP. Há 40 anos, o ex-funcionário público de Cataguases, Território da Mata, foi diagnosticado com uma patologia rara que provoca distrofia muscular. Suas pernas foram gradativamente afetadas, mas foram as mãos que desvelaram sua mais nova aptidão: a escultura em madeira de raiz.
Rios usa o formato dos troncos para talhar uma figura ou objeto de forma bem rústica. Além de peças para adorno, faz coisas utilitárias como móveis. “Estou muito satisfeito e gratificado por poder expor obras que fiz ao longo de tantos anos em um lugar destinado justamente para esse tipo de trabalho do povo de Minas”, conta o artesão de 78 anos.
A mostra de Virgínio Rios, que ocupa até 10 de março a sala de exposição temporária do CAP, tem curadoria de Pedro Marcos.
O Diretor do CAP, Tadeu Bandeira, esclarece como se dá o processo que oportuniza as exposições: “Curadores especializados em arte popular são convidados a apresentarem propostas, que são analisadas pela diretoria do CAP, de modo a constarem posteriormente em projeto elaborado e enviado para a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet)”.
A arte popular das Minas e das Gerais
Francisco van der Poel é holandês, mas foi no Brasil, e pincipalmente em Minas Gerais, onde escolheu morar, que aguçou a curiosidade que as terras tupiniquins lhe despertavam.
Conhecido popularmente como Frei Chico, o pesquisador fala com propriedade do assunto. “A arte popular mineira é uma interpretação representativa da vida cotidiana e social dos marginalizados. É uma forma de mostrar a dignidade de um povo que sofreu, mas que se expressa através de trabalhos imbricados em suas raízes. Soa como um grito de resistência”, afirma o estudioso dessa manifestação artística.
Frei Chico dedicou anos de sua vida percorrendo rincões brasileiros, principalmente em Minas Gerais, para escrever artigos com o tema. Dessa experiência ele pinça particularmente uma: “O Vale do Jequitinhonha é banhado pelo Rio São Francisco, que abriga o povo ribeirinho, ali está um universo que fala, como percebido por meio das bonecas tão características da região, das cantigas, das comidas típicas, dos contos; as paisagens inspiram a produção artística em diversas linguagens”, diz.
Serviço/Centro de Arte Popular – Cemig
Horário de Funcionamento: Terças, quartas e sextas-feiras, das 10h às 19h; quintas-feiras, das 12h às 21h; sábados e domingos, das 12h às 19h.
Mais informações: (31) 3222 3231
Acesso gratuito
Publicado em 02/03/2017 às 10:38
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