A pequena tem apenas um ano e três meses e precisa de um coração. Foto: Acervo pessoal
A pequena Charlotte Santos Barbosa tem apenas um ano e três meses. Mas já lida com desafios dos grandes.
Diagnosticada com Miocardiopatia Dilatada, uma doença rara que afeta o músculo cardíaco e impede o bombeamento adequado do sangue no corpo, a garotinha se encontra há quase um mês na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Instituto do Coração do Distrito Federal (ICDF), em Brasília.
Nesse período, luta para superar a doença com medicação e aparelhos; é monitorada de perto pelos médicos; aguarda por um transplante e, ainda, é símbolo de uma campanha nacional por conscientização sobre doação de órgãos.
Nascida em Tiradentes, a criança é a protagonista da hashtag #SomosTodos-Charlotte e de uma página de mesmo nome no Facebook, que já tem mais de 5000 curtidas.
Doença
Segundo uma das tias de Charlotte, Érika Santos, a bebê foi descoberta com Miocardiopatia aos oito meses. Antes disso, já entendia o que era perambular por consultórios médicos esperando por respostas.
Com um chiado incômodo no peito e muita preocupação dos pais (o representante de vendas João Bosco Barbosa e a designer de interiores Bárbara Santos), a garotinha era diagnosticada com problemas menores, que iam de ‘alergia’ a ‘dor de dente’.
O quadro mudou aos sete meses, quando vômitos se tornaram frequentes. Pouco depois, em Belo Horizonte, veio a notícia da patologia cardíaca grave. “Desde o início falou-se em transplante, mas a princípio a Charlotte respondeu bem ao tratamento. Então havia uma angústia menor. Em Brasília, porém, durante uma consulta, ela passou mal e foi preciso interná-la imediatamente. Agora, não pode sair do tratamento intensivo até passar pelo transplante”, conta Érika.
Campanha
Foi a partir daí que a preocupação esbarrou, ainda, com uma matemática cruel: a doação de órgãos tem crescido no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). No entanto, bate de frente com proporções desiguais quanto à real necessidade dos pacientes.
Em 2016, a taxa de morte encefálica (ou seja, de doadores em potencial) foi de 27,2 por milhão de habitantes. A de doações efetivas, porém, não passou de 16 para cada milhão de moradores no país.
Enquanto isso, 33,1 mil pessoas precisam de novos órgãos em fila que é maior para quem aguarda córneas e rins. Em seguida, vêm os que esperam por fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino. “É uma realidade difícil que pode ser mudada, aos poucos, com conscientização. Eu mesma nunca havia dito à minha família que quero doar órgãos. E é algo muito delicado. Ninguém quer lidar com a morte. E na hora do sofrimento, muitas pessoas se recusam a permitir a captação. Algo que pode garantir a sobrevivência de outra. Daí a necessidade de que o desejo de doar seja manifestado”, explica.
E foi exatamente frente a esse quadro que médicos sugeriram à família de Charlotte protagonizar uma campanha sobre doação de órgãos. Deu certo. A Somos Todos Charlotte chegou a jornais e programas de televisão de todo o país, além de conquistar adesão de celebridades protagonizando vídeos em prol da ação.
Segundo Érika, a espera de um novo coração para Charlotte é amenizada pelo conforto recebido através da página do Facebook.
Fonte: Gazeta de São João del Rei
Publicado em 13/03/2017 às 10:28
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