Na imagem, o padre Paulo Sérgio Ribeiro Sabino
Você viu aqui no Prados Online, na última segunda-feira (relembre) que o jovem que assassinou o Padre Paulo Sérgio Ribeiro Sabino, de 39 anos, em agosto de 2016, foi condenado a 22 anos de prisão por latrocínio, que é o roubo seguido de morte.
No entanto, a defesa de Pedro Henrique Pamplona Moreira contesta a decisão da Justiça e já apresentou recurso. A principal alegação é a qualificação do crime, “latrocínio”. Decisão do Juiz da 2ª Vara de Execução Criminal de Barbacena, no dia 3 de abril. No dia, não houve júri popular. A defesa e a família alegam que foi homicídio, com motivação passional, porque o rapaz e o Padre teriam envolvimento amoroso.
A sentença foi divulgada em coletiva de imprensa na sexta-feira (7) por representantes da Igreja Católica em Barbacena e Advogados da família do Padre. Mesmo com a condenação, o processo segue sob segredo de Justiça a pedido da igreja. O recurso será encaminhado para análise no Tribunal de Justiça em Belo Horizonte.
Crime passional
O Advogado de defesa, Marcelo Chaves, apontou que há evidências de que o crime não foi latrocínio, mas resultado de uma briga entre duas pessoas que se relacionavam.
“O que ele nos contou é que no momento deste encontro ele disse para o Padre Paulo Sérgio que não queria mais este tipo de relacionamento. Ele tencionava ir para São Paulo para trabalhar e não queria mais namorar. E isso não foi muito bem aceito pela vítima. Segundo o Pedro, eles entraram em uma discussão, deu uma gravata e o esperou desfalecer. Como ele estava com uma aparência assustada e sangrando um pouco a boca, pegou uma sacola que estava na porta do carro e amarrou na cabeça do Padre. Em seguida abriu a porta do carro e o jogou na beirada da estrada. Os pertences que estavam visíveis foram dispensados também”, relatou o Advogado.
Após o crime, o rapaz passou em casa, pegou roupas e fugiu. “Ele fez na hora, amarrou com lençol. Quem programa um crime desta natureza estaria desprogramado para viajar? Depois ele foi embora para São Paulo”, acrescentou Marcelo Chaves.
O Advogado analisou a manutenção do sigilo sobre os casos tanto durante as investigações quanto durante a tramitação do processo na Justiça. “A gente vê isso como uma forma de a Igreja não deixar transparecer o fato do Padre ser homossexual e estar se relacionando com o Pedro. Vejo esse Segredo de Justiça como uma forma de proteger as informações que poderiam manchar o nome da Igreja”, alegou.
Os pais de Pedro Henrique falaram ao MGTV pela primeira vez sobre o caso. Pedro Moreira alega que o filho não sabia que Paulo Sérgio era Padre. “Ele ficou sabendo quase no dia do acontecimento. O meu menino perguntou para ele: O senhor mexe com que? Isso aí não é bom você saber, não. Com o tempo, você vai saber. Meu filho não precisava disso”, destacou o pai.
O envolvimento com um crime ainda surpreende a mãe, Érica Pamplona, que espera a revisão do caso. “Isso foi uma surpresa muito grande porque meu filho não tem vícios, não usa droga, é um menino tranquilo. Não foi latrocínio, foi homicídio. Ele fugiu com o carro em desespero. Tanto é que o carro roubado que valor tem? Ele fez errado, sim, mas o Padre tem porcentagem de culpa nesta história. E tem que ser revisto sim”, afirmou a mãe.
O Advogado da congregação religiosa e da família do Padre Paulo Sérgio, Camilo Cury, destacou que as provas apontam o crime pelo qual o rapaz foi condenado. “É uma situação polêmica e pelo fato de estarmos tratando de um processo em segredo de justiça, nós não podemos aprofundar na questão processual. O que de fato levou o Ministério Público e a assistência da acusação a sustentarem a tese de latrocínio foram as provas colhidas e elas demonstram amplamente a ocorrência do crime de latrocínio. É um direito da família se pronunciar. Independente do Padre ter tido conhecimento pretérito do autor isso não exclui a responsabilidade dele pelo cometimento do crime porque, se assim fosse, qualquer pessoa que tivesse conhecimento teria autoridade e capacidade para estar ceifando a vida de outra pessoa”, comentou.
Publicado em 12/04/2017 às 10:34 hrs.
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