Placas pretas formam um mosaico no telhado no Presídio de Alfenas. É esse tabuleiro de PVC que tem captado o calor dos raios solares e aquecido a água das celas da unidade prisional. A instalação do equipamento foi feita por 19 presos e dois agentes do presídio e é inédita no sistema prisional mineiro.
Além de proporcionar esse conforto para os outros colegas, os detentos também tiveram a oportunidade de aprender uma profissão. Na última quinta-feira (4/5), os custodiados receberam o certificado de conclusão do curso de Aquecedor Solar de Baixo Custo.
Instalação e capacitação tiveram um investimento de R$ 87 mil. São recursos de prestação pecuniária da comarca de Alfenas. O projeto foi criado pela Associação Mineira de Educação Continuada (Asmec) e apresentado à Juíza Ayla Figueiredo, da Vara de Execução Penal do município, que – de imediato – aprovou e liberou a verba.
A subsecretária de Humanização do Atendimento, Emília Castilho, esteve na unidade prisional para a solenidade. Para ela, o Governo de Minas Gerais mostrou, mais uma vez, que com a ressocialização é possível construir um Sistema Prisional melhor.
O curso e as obras começaram em dezembro de 2016 e terminaram no mês passado. A carga horária foi de 198 horas, com 6 horas de aula teórica e o restante de atividades práticas. Foram instalados 22 sistemas de 1.000 litros. Um para cada cela. A manutenção será feita pelos próprios detentos, que se tornaram Técnicos Projetistas em Sistema de Aquecimento Solar.
Os detentos foram selecionados pela Comissão Técnica de Classificação (CTC), que é um grupo multidisciplinar de profissionais das áreas de segurança, jurídica, de saúde e psicossocial da própria unidade. Darcson Pereira Rodrigues, de 35 anos, foi um deles. Há dois anos no presídio, viu nessa nova oportunidade um grande negócio.
“Eu trabalhava com calhas antes e, quando sair, quero juntar as ideias. O custo é baixo e pode beneficiar muitas famílias carentes. É uma chance de levar para quem precisa. E não posso esquecer de como tem sido bom tomar um banho quente todos os dias aqui”, diz Rodrigues.
Ressocializar os detentos é dever do Estado, e quando projetos desse tipo são implementados quem ganha é toda a sociedade, pois essas pessoas voltam recuperadas e contribuem com o coletivo.
Publicado em 08/05/2017 às 11:17 hs.
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