A Fundação Presidente Antônio Carlos (Fupac), Instituição Universitária criada pelo Deputado Federal Bonifácio de Andrada (PSDB), recebeu em 2017 mais de R$ 11 milhões do Governo Federal por meio de empréstimos e financiamentos para estudantes. O Parlamentar relatou a segunda denúncia contra o Presidente Michel Temer (PMDB) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e deu parecer pelo arquivamento da denúncia contra o peemedebista. Seu parecer foi aprovado na comissão e será votado em plenário na quarta-feira.
O cenário das instituições ligadas à Fupac – da qual o Deputado é Presidente e Reitor licenciado – é diferente do panorama de crise enfrentado no financiamento estudantil desde 2016. No ano passado, segundo o Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), o número de matrículas caiu por causa da crise econômica. Foram 190 mil estudantes a menos matriculados no Ensino Superior. Neste ano, o cenário continuou ruim. Em fevereiro, o Ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), anunciou a redução de 29% nos investimentos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Na contramão do cenário nacional, a Fupac quase dobrou os valores recebidos pelo Governo Federal por meio do Fies. Segundo dados do Portal da Transparência e do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal, em 2015, a Instituição recebeu R$ 6.573.987,02 em repasses diretos do Governo. Em 2016, os repasses pularam para R$ 13.783.156,70 – mais que o dobro em relação ao ano anterior.
Neste ano, até o início do mês, foram repassados à Fupac R$ 11.447.799,83 por meio de concessões de empréstimos para o Fies e R$ 11.787,57 por meio do Fundo de Desenvolvimento da Educação. A maior parte das liberações aconteceram nos meses de junho e julho, quando foram repassados mais de R$ 7 milhões à Fupac. Procurado pela reportagem, o Deputado Bonifácio Andrada não atendeu as ligações. A Assessoria da Fupac foi procurada, mas também não respondeu.
A Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac) foi criada pelo Deputado em 1963, com duas unidades em Barbacena. Logo depois a Instituição se expandiu para outros municípios mineiros e foi criada a Fundação Presidente Antônio Carlos, que administra as faculdades do grupo. O nome da instituição é homenagem ao Ex-Governador de Minas, Ex-Deputado, Ex-Senador e Ex-Ministro da Fazenda, Antônio Carlos de Andrada (1870-1946).
Parecer pró-Temer
O Deputado tucano que relatou a denúncia contra Temer enfrentou resistência dentro do próprio partido ao ser indicado para apresentar o parecer sobre a acusação de obstrução de Justiça e organização criminosa. Após se recusar a deixar o cargo de relator, Bonifácio viu o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli, retirar sua indicação para a comissão. No entanto, em uma manobra do Palácio do Planalto, o PSC liberou uma vaga do partido para que o tucano permanecesse como relator.
Em seu parecer, favorável ao Presidente Temer, Bonifácio Andrada criticou a Procuradoria-Geral da República (PGR) e afirmou que a peça apresentada pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot se baseava em “gravações criminosas” feitas pelos empresários da J&F.
Para o Parlamentar, o Ministério Público tenta criminalizar a política e fragilizar os Poderes Legislativo e Executivo. “O MPF hoje, órgão poderoso do nosso sistema, que domina a Polícia Federal, mancomunado com o Judiciário, trouxe para o país desequilíbrio na relação entre os poderes da República”, afirmou o relator. “Não há nenhuma prova real ou concreta que o presidente tenha tomado providência ou atitude para dificultar investigações. Conclui-se pela impossibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer”, finalizou Andrada.
Fonte: O estado de Minas
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