Na contramão da crise, em Serra da Saudade, no Alto Paranaíba, o município menos populoso do país, sobra dinheiro para fazer o que, na maioria dos lugares, as pessoas têm que tirar do próprio bolso para colocar em prática. Na cidade, a prefeitura paga exame particular que a rede pública de saúde não cobre e custeia parte da faculdade dos moradores. O Wi-Fi é de graça nas três praças locais, e a academia, completa, também.
Apesar de ter um território maior que o de Belo Horizonte, Serra da Saudade possui 812 moradores. Ser tão pequena favorece a cidade na arrecadação per capita dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), distribuído conforme o número de habitantes – no ano passado, o município recebeu R$ 6,7 milhões, o que totaliza R$ 8.316 por habitante. Para se ter uma ideia, na capital mineira, o valor per capita é de R$ 158.
A Unidade Básica de Saúde (UBS) de Serra da Saudade tem um médico e funciona de segunda-feira a sexta-feira, nos outros horários a prefeitura transfere os pacientes para cidades vizinhas.
A cidade tem duas escolas municipais, que atendem alunos do nível infantil ao fundamental, e cede espaço para uma escola estadual, de ensino médio. Todas oferecem duas refeições por dia aos estudantes. Desde 2011, o índice de evasão é zero no município.
Como ocorre em outras cidades, os alunos da área rural têm acesso a transporte para ir e voltar da escola, mas a Prefeitura de Serra da Saudade fornece também condução para quem faz faculdade em Luz e em Bom Despacho, no Centro-Oeste mineiro. Mais do que isso, o município arca com metade dos custos do ensino superior de moradores.
Os moradores ressaltam o sossego que é morar em Serra da Saudade, lugar onde todos se conhecem e a violência praticamente não existe. O último homicídio da cidade aconteceu há 50 anos.
Jovens vão embora atrás de emprego
Nem tudo são flores em Serra da Saudade, que sofre com o desemprego e vê os jovens irem embora em busca de oportunidade profissional. Assim, a população envelhece e, em vez de crescer, encolhe a cada ano – em 2000, eram 873 habitantes.
“O emprego é na prefeitura ou na área rural, mas todo mundo quer ficar na cidade”, afirmou o prefeito Alaor Machado, acrescentando que a prefeitura emprega 300 pessoas. Comércios são poucos. Nem farmácia ou posto de gasolina a cidade tem.
Pra fechar, imaginem só, além de academia e de Wi-Fi liberados, a prefeitura oferece aos moradores, todos os anos, uma caprichada ceia de Natal na praça.
Informações: O Tempo
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