“ A lembrança da dor e a presença das cicatrizes ensinaram-lhe, a partir desse dia, que era perigoso lidar com gente que não usasse asas.”
Ler ou não ler, eis a questão.
A questão é simples de resolver: Leia. Como dizia meu pai…” leia, mas leia tudo, do gibi aos anúncios funerários”…e ele levava a sério. Sabia de todos os mortos da seção, nome, causa mortis, filiação, naturalidade. Era um leitor voraz. Grande homem seu Luiz, veio dele o gosto e a paixão pela leitura. De tanto vê-lo com um livro, aos doze anos li o Príncipe de Maquiavel, não entendi nada, mas fiquei orgulhoso de mim.
Tem uma frase que li no livro “Livraria Amadeu” de João Antônio de Paula, que resume bem o prazer e o gosto que tenho pela leitura:
“ Amar os livros, procurá-los para aliviar o coração do peso de um cotidiano opressivo, procurá-los para não deixar morrer a fantasia e o desejo, que confrontam a morte”.
Resolvi escrever sobre um livro da série Vagalume, um livro infanto-juvenil que insistia em me perseguir no antigo curso primário, seria hoje o fundamental 1. A impressão que tenho, é que nos quatro anos do primário, tive (ou pelo menos tinha) que lê-lo umas 52 vezes. Não gostava de nem de olhar para a capa, nunca julgue um livro pela capa. O livro é o Menino de Asas de Homero Homem. Só venci o preconceito, ou ranço (como dizem hoje em dia), depois dos 40 anos. Resolvi abrir a mente e mergulhar em suas páginas. Apaixonei, achei fantástico e recomendo. Principalmente nesses tempos estranhos de preconceitos. O livro é bom para toda faixa etária.
É um livro muito indicado para as crianças, pois desperta o sentido de aceitação das diferenças, ensina-as a respeitarem o próximo e mostra toda a dificuldade de sobreviver na sociedade por ser “diferente”. É indicado também para os adultos, pois permite a nós pais e avós (ou responsáveis) fazermos uma auto-crítica sobre como influenciamos nossos filhos a se portarem diante do “diferente”. É nossa responsabilidade ensinarmos aos nossos, o respeito, a aceitação e o cuidado com o próximo, tornando-os assim, cidadãos melhores na construção de um mundo melhor.
Esta é a primeira vez que me atrevo a escrever sobre literatura. Não sou professor de português, de letras ou um literato, sou um biólogo de profissão e leitor por paixão. Fiquei muito lisonjeado com a confiança e o convite do amigo Rodrigo. Espero que gostem e nos acompanhem.
Até breve.
Luiz Cláudio Vieira Cangussu
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