No último dia de 2018 terminei mais uma leitura do livro de Garcia Márquez “100 Anos de Solidão”. Tempos atrás tinha tido o primeiro contato com o romance, que me marcou na época, mas vinha postergando essa vontade da releitura havia alguns meses. Entre começos e paradas, finalmente tive um novo início em Dezembro, e em 2018 mesmo a consegui finalizá- lo. Apesar de trabalhar no cenário musical, facilmente se percebe a grandiosidade da estirpe dos Buendia na Macondo que apesar dos anos, décadas e gerações que passam, é como se sempre continuasse igual, como diria Úrsula, uma das principais personagens. Por diversos motivos, acredito que essa obra seja uma das grandes construções artísticas produzidas no século XX e na literatura mundial. Como em um belo texto que li faz algumas semanas, um livro para se ler eternamente.
Ao final da obra me recordei de outros momentos onde me senti tão capturado pelo que estava apreciando, seja na literatura, arquitetura, música, cinema e outros. Daqueles momentos quando se tem algo tão belo na sua frente que não existe reação possível a não ser a contemplação do que foi ou está sendo visto, sentido, ouvido, ou no caso, lido.
Me fez pensar sobre elementos que fazem com que o homem seja o que ele é. Vivemos em sociedade e somos seres coletivos. Sozinhos, enxergamos mal, escutamos mal, temos um fraco porte físico e somos lentos. Muitos outros animais fazem várias dessas coisas melhores que nós. Entre elementos que nos caracterizam fortemente, além do dedo opositor, nossa suposta inteligência mais desenvolvida fez com que conseguíssemos desenvolver n formas de sobrevivência, a ponto de estarmos tristemente dizimando a natureza. Não é minha pretensão entrar nessa discussão. O fato não é termos ou não uma capacidade cognitiva mais desenvolvida, mas o que fazemos com ela.
Gastamos muito tempo realizando atividades onde nossa existência não é dependente a tais atitudes. E o exemplo mais claro que sintetiza o que digo é a arte. Não saberia precisar se alguma outra espécie investe tanto tempo e energia em atividades que não estão relacionadas ao processo de perpetuação e/ou manutenção da espécie, mas a relação do “homo sapiens” é diferente. É fácil encontrar exemplos de pessoas que muitas vezes investem mais da metade de seus dias com atividades que são teoricamente “dispensáveis” para a condição da vida humana. Mas isso não desvaloriza a arte ou o homem, pelo contrário. Isso mostra que o homem é o homem por conta dessas atividades, por conta da arte, que aqui tratamos. Dizer isso também não é negar que existam problemas grandes e de caráter urgentes no Brasil e no mundo, mas como o título é relacionado aos votos de ano novo, aqui explicarei.
Desejo que em 2019 sejamos cada vez mais humanos, valorizando e exaltando o motivo de sermos o que somos, não para nos sentirmos superiores, mas para que nos tornemos mais sensíveis com o mundo ao redor, coisa esta que conseguiremos através da arte e educação. Desejo aos amigos que em 2019 saibamos valorizar as atividades artísticas e educacionais cada vez mais. Isso nos torna pessoas melhores, uma sociedade melhor. Espero que com esse texto de boas vindas não só ao ano de 2019, mas ao espaço no site, sejamos mais apreciadores da arte e música.
Octávio Deluchi
Prados Online
2012 Prados Online | cnpj: 15.652.626/0001-50