Foto tirada do Centro Cultural Sesi Minas Yves Alves no dia 11 de Novembro de 2017. Cidade de Tiradentes – MG.
Na última quarta-feira (20/02) fui ao Centro Cultural Sesi Minas Yves Alves conferir duas exposições: “O Lúdico em Machê“, de Fábio Francino* e “Fragmentos do Cotidiano“, de Thaís Andressa**.
Ambos são artistas da região do Campo das Vertentes, e como uma das propostas dessa coluna é apresentar também trabalhos como os citados, o texto de hoje será sobre os mesmos.
O caminho até o Centro Cultural já nos propicia belas paisagens. Com a Serra de São José ao fundo, as ruas de pedra e construções coloniais formam um cenário maravilhoso, para o deleite dos turistas e transeuntes. Um dos locais que mais promove eventos culturais na região, o Sesi Minas Yves Alves é um local importante e ótimo para se visitar em qualquer ocasião. De espetáculos teatrais a filmes, concertos ou exposições, sempre há algo a ser visto no local.
Foto de Roberto Franco. Rua Direita durante a noite. Cidade de Tiradentes – MG.
Chegando ao local, temos nas duas primeiras salas obras de Fábio Francino, e a primeira característica que salta aos olhos é a grande vivacidade e beleza das cores, além do dinamismo causado pela disposição e espacialidade das mesmas no local. Leveza, delicadeza e expressão são palavras-chave na produção do artista.
Foto própria. Uma das das salas no Centro Cultural Sesi Minas Yves Alves, 20 de Fevereiro de 2019.
A oportunidade de ver os personagens e criações frente a frente é bastante importante, assim podemos perceber
Foto Própria. Centro Cultural Sesi Minas Yves Alves, 20 de Fevereiro de 2019.
detalhadamente os traços, feições e profundidades. A sensação causada, especialmente pelos trabalhos que estão “suspensos” é de constante movimento, que aliado à expressividade cria a impressão de estarmos dentro de um circo. Apesar de não ser a figura principal da exposição, é uma temática recorrente e bastante profunda, afinal um artista circense também circula entre diferentes manifestações dentro de um mesmo espetáculo, de forma lúdica. De acordo com Fábio: “O lúdico machê foi uma exposição que tentamos resumir meu trabalho em um acervo espontâneo, sem temática. De uma temática circense a literária.”
A exposição “(…) foi uma felicidade pois foi a primeira individual no Sesiminas. Tinha já passado por uma exposição no museu de arte popular em Niterói RJ mas é fundamental nós sentirmos acolhido em nossa própria região, e foi o que aconteceu.” Podemos ver em seus trabalhos influências da produção e estética regional e mineira da área, fator mais que natural devido ao seu início, origem e local de trabalho atual, mas a partir de certo momento também vemos as formas de mundo coloridas e lúdicas de Fábio, e isso é um dos pontos altos.
Em outro espaço, ainda dentro do Centro Cultural, podemos conferir as fotografias da exposição “Fragmentos do Cotidiano”, de Thaís Andressa. “Para mim, a poesia está presente em nosso cotidiano, de várias formas. As oscilações da água são para mim poéticas e surpreendentes. Uma imagem é sempre mágica e especial. As oscilações das poças d’água, também são como aquarelas.”
A perspectiva das fotografias a partir de reflexos é bastante interessante. Podemos nos questionar sobre as tradições sanjoanenses que remontam aos séculos anteriores, ilustradas em figuras inteiras ou parciais que surgem do chão a partir da água. Em alguns casos as paisagens espelhadas se confundem consigo mesmas, em diferentes versões.
A partir de exposições como essa que percebemos com detalhes o quão rica e bonita é a arquitetura local. Fato que também foi fundamental para o olhar artístico de Thaís. “(…) ia contemplando as casas, com admiração! Sempre quis estar mais tempo em São João e poder caminhar pelas ruas históricas e com arquitetura tão interessante!”
Foto: Thais Andressa / Fragmentos do Cotidiano
Outra observação interessante é que pelas imagens serem feitas através do reflexo de poças d’água, a cada visita a uma mesma rua inúmeras possibilidades e pontos de vista podem ser feitos através do olhar fotográfico. “O ato de fotografar tornou-se cotidiano! E os reflexos foram de certa forma uma maneira mais poética e artística de representar a cidade. Para mim, a poesia está presente em nosso cotidiano, de várias formas. As oscilações da água são para mim poéticas e surpreendentes. Uma imagem é sempre mágica e especial. As oscilações das poças d’água, também são como aquarelas. Encontrei-me como fotógrafa! Principalmente das ruas. A partir de então, começou a surgir a Série “Fragmentos do Cotidiano”.
Thaís possui diferentes fotos no Campo das Vertentes, não se limitando apenas a São João del-Rei. “Estou sempre em busca de referência na área da fotografia. Minhas fotógrafas favoritas são Francesca Woodman, Vivian Maier e Diane Arbus.”
A exposição de ambos os artistas teve início nos primeiros dias de Fevereiro e estará disponível até o próximo domingo, dia 24, no Centro Cultural Sesi Minas Yves Alves, em Tiradentes (R. Direita, 168 – Centro). A entrada é franca. Aproveitem e visitem o local!
Octávio Deluchi
Prados Online
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