Centro Cultural da UFSJ, foto própria. 13/03. Na ocasião haviam duas exposições: “Crestomatia”, de W. Mota e “Nu Arte”, de Frederico Reis.
Digo com alguma frequência aos colegas tanto da região quanto de cidades maiores, de outros estados, que nós mineiros do Campo das Vertentes somos muito felizes culturalmente falando. Temos um acervo arquitetônico, histórico e musical extremamente rico, com belas ruas e vielas, igrejas barrocas, orquestras e instituições datadas do século XVIII que ainda são ativas, festas populares das mais diversas origens e formas, uma programação de eventos extremamente ativa, teatro, música, pintura, artistas plásticos e muito mais.
No quesito eventos e locais para ir, são várias opções, basta vermos a agenda de locais como o Centro Cultural da UFSJ (Solar da Baronesa, São João Del Rei), Teatro do Conservatório Estadual de Música (São João), Centro Cultural Sesi Minas Yves Alves (Tiradentes) e a Lira Ceciliana (Prados) para comprovarmos isso. Sem mencionar ainda as galerias, centros de cultura, museus e espaços próprios de artistas (locais excelentes) em toda a região. Opções culturais não faltam, e quem diz o contrário fala por desconhecimento. Mais um motivo para valorizarmos ainda mais esse cenário, e fazer com que as pessoas vejam a importância disso para o desenvolvimento humano de todos na sociedade. Falta ainda mais investimento, é notório, mas deixarei esse assunto para um futuro texto.
Devo também mencionar os eventos maiores que acontecem ao longo do ano que possuem visibilidade nacional (e em alguns casos até internacional), como os festivais de cinema e gastronomia em Tiradentes, Artes Vertentes na mesma cidade, Inverno Cultural, Musik Expedition, Festival de Música de Prados, Circuito de Violão, e por aí vai…
Quero ressaltar hoje o fato de que muitas dessas atividades são ligadas diretamente ou indiretamente à Universidade Federal de São João Del Rei. Seja pela própria instituição enquanto promotora do evento, seja através de parcerias em outros eventos, ou também a longo prazo, quando os frutos da instituição movimentam o cenário, fato muitas vezes não mencionado e também importantíssimo no contexto regional.
Precisamos olhar de diferentes formas para os diferentes resultados, a curto, médio e longo prazo. Apesar de ser uma instituição ainda nova (só Conservatório de Música da UFMG possui mais de 90 anos por exemplo) e do cenário desfavorável com um vertiginoso declínio no investimento em educação, cultura e artes, a UFSJ é parte importante da região.
Muitos cursos da instituição surgiram nos últimos quinze anos, especialmente os ligados ao âmbito artístico e cultural, e ainda sim apesar da pouca idade já possuem nota máxima em avaliações como o ENADE, exemplo dado pela Licenciatura em Música*.
A consequência disso é que várias pessoas saem de suas cidades para estudar na região, se estabelecem durante alguns anos, criam laços, muitas vezes ficam de forma permanente e posteriormente desenvolvem trabalhos aqui mesmo. Casos como esses mostram a importância de uma instituição desse porte para a região. O ciclo se reinicia quando nessas ocasiões, mais pessoas da região e de fora são atraídas, algumas se interessam pelas cidades, outros pela instituição e a roda gira novamente.
Recentemente houve uma discussão nas redes sociais (e também fora delas) sobre a participação da UFSJ no Conselho Municipal de Cultura, onde alguns vereadores*** de São João del-Rei se opuseram a isso. Nada tem de bom em se pensar assim. Apesar de tradições muito fortes em outras áreas, como é o cenário religioso e a música sacra (onde também muitos alunos e ex-alunos da instituição estão presentes), é notória a importância e influência que a universidade tem na cidade e na região. Hoje, são quase 15.000 pessoas ligadas diretamente à instituição**, sendo a maioria**** delas atuantes no Campo das Vertentes.
Para mencionar alguns desses exemplos indiretos, apenas no meio musical, são ex-alunos e alunos da instituição que promovem e realizam eventos como o festival internacional de música Musik Expedition, que acontece duas vezes por ano, uma na Alemanha e outra no Brasil (São João del-Rei), o Circuito de Violão, que em sua última edição trouxe interessados do país inteiro ou ainda as diversas atividades do Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier, como a “Semana de Sopros”, “Semana de Cordas” e “Semana do Violão”. Muitos alunos também têm se destacado em eventos nacionais e internacionais, apoiados através de diferentes formas pela universidade.
Sobre os eventos diretamente promovidos pela UFSJ, o grande nome é o Inverno Cultural, festival que abrange diversas áreas, e que já colocou sua importância no calendário nacional de cultura em outros tempos. Recentemente aconteceu também o festival Flautas Gerais. A Fundação Koellreutter e o Centro Cultural da UFSJ também são fundamentais e realizam atividades diversas. Aqui recorto somente uma amostra de algumas coisas que acontecem promovidas pela instituição, muitas outras ocorrem em paralelo.
Com toda certeza afirmo que econômica, cultural e artisticamente a cidade de São João del-Rei depende da instituição. O desenvolvimento da região está associado ao fato, assim como a evolução do cenário cultural e artístico. Precisamos é fomentar cada vez mais a área. Certamente não será retirando quem é relevante do meio. A UFSJ é a catalizadora para se trazer pessoas à São João del-Rei.
Octávio Deluchi
* – Link aqui com a nota dos cursos em Minas Gerais
** – Números estimados de alunos, técnicos e professores baseados no ano de 2017 (aqui). Não encontrei dados relativos ao ano de 2019.
*** – Os vereadores que votaram contra foram: Professor Leonardo, Rodrigo Filho do João do Banco, Stefânio Pires, Cabo Zanola, João Heitor, Weriton Andrade e Jorge Hannas Jr.
**** – A UFSJ também possui campus em outras cidades, como Divinópolis, Sete Lagos e Ouro Branco, entretanto, a maioria dos estudantes se encontram em São João del-Rei.
Sugestão de eventos que estão acontecendo essa semana: Galeria DM (São João del-Rei), Centro Cultural da UFSJ (São João del-Rei), e Festival de Fotografias de Tiradentes 2019.
Música: Museu Casa Padre Toledo com Aduar (Tiradentes, quinta-feira 28/03, entrada franca 18 horas)
Programação AssoVio Vertentes:João Vitor em Bichinho (sábado dia 30/03, 19 horas, contribuição espontânea) e Prados (domingo dia 31/03, 20 horas, contribuição espontânea).
Locais para se visitar: Museu de Arte Sacra, Museu Regional.
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