Exemplos e exemplos

Nas duas últimas edições dessa coluna venho atentando para um fator que recentemente foi confirmado em números oficiais: a cidade de Prados caiu vertiginosamente na lista referente ao ICMS cultural, como publicado aqui mesmo no portal Prados Online. É bastante preocupante falar do assunto. Comentei que apesar do sucesso e/ou da realização de alguns eventos, percebemos que há um sentimento de desânimo na cidade. Pelas coincidências da vida vimos que não é sentido apenas empiricamente, mas também perceptível no papel. As informações publicadas se referem à quantidade e frequência de eventos culturais realizadas em uma cidade. E quanto mais eventos, maior a verba possível para o futuro.

A cidade, que já esteve em segundo lugar pouco tempo atrás, amargou a décima sexta colocação em 2019, que é referente ao ano de 2018. Muito precisa ser feito para os resultados não piorarem mais ainda no próximo ano.

Precisamos saber valorizar mais essa área, e como erroneamente muitos pensam, parar de ver a cultura e as artes apenas como mero entretenimento. Não é só fundamental para a vida humana, mas igualmente importante para a manutenção da economia de qualquer lugar. Temos um exemplo claro ao lado, com cidades vizinhas como Tiradentes. Mesmo em Prados ao longo do festival de música podemos perceber diferenças em relação ao dia a dia por conta das dezenas de pessoas aqui instaladas durante duas semanas. Todas consomem bens e serviços locais.

Indo um pouco mais longe, como recentemente publicado, o tradicional festival de Campos do Jordão, que esse ano possuiu uma verba de 7,8 milhões de reais, fez com que o dinheiro investido se transformasse em impressionantes 131 milhões de reais para a região.  Esses números foram divulgados pela Fundação Getúlio Vargas sob encomenda da Fundação Osesp (para mais informações sobre, clique aqui). A cada R$ 1 investido, R% 16,7 foi o valor retornado à economia local.  Vale ressaltar que 70% do valor investido (dos 7,8 milhões) foi proveniente da Lei Rouanet ou similares.

Outros estudos na área também comprovam isso. Posso colocar aqui alguns deles

• Estudos comprovam que o campo das artes e cultura contribuem muito mais para a economia estado-unidense que agricultura – Alguns dados colocados: As artes crescem mais rápido que a economia em termos gerais, e não apenas as grandes cidades são beneficiadas. Clique aqui – inglês

• Dados sobre o 50° Festival de Inverno de Campos do Jordão, que é o maior festival de música clássica da América Latina. Link postado acima, mas trago aqui alguns dados além retirados da reportagem da revista Concerto – Aumento na taxa de ocupação da rede hoteleira (em relação a 2018): 10%; Retorno do Governo Federal: R$ 1 de renúncia via Lei Rouanet gerou R$ 3,16 em impostos federais; 34,6% dos 675 mil turistas que foram a Campos no período tiveram como motivação principal o evento; valoração total do retorno de mídia: R$ 82 milhões; impacto econômico: R$ 131 milhões; investimento na realização do evento: R$ 7,84 milhões (patrocínios e apoios, com e sem leis de incentivo); cada R$ 1 investido na realização do evento gerou R$ 16,7 em PIB; postos de trabalho gerados: 1844 (15% do total da cidade); impostos arrecadados: R$ 17,4 milhões. Clique aqui para reportagem completa

• Site “Americans for the arts”, que reúne vários estudos e informações sobre o impacto econômico das artes e cultura. Clique aqui – inglês

Cultura é investimento, economia e crescimento.

Octávio Deluchi

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