O Brasil atingiu, neste último fim de semana, uma marca absurda, um número que é um choque e mostra quão fundo é o buraco da Covid19 por aqui. São mais de 500 mil vítimas da doença no nosso país. Meio milhão de mortos.
500 mil famílias devastadas, 500 mil planos não concretizados, 500 mil pais, irmãos, filhos, netos, tios ou avôs de alguém. 500 000 não é apenas um número, é sim um retrato de um país devastado, um país que caminha no contrassenso dos demais.
Números, quando contabilizados dia a dia tendem a perder impacto, a se banalizarem, as pessoas passam a achar normal o fato de 2000 cidadãos perderem a vida em um dia, mas lembrem-se, 500 mil brasileiros tiveram suas vidas e as de suas famílias dilaceradas por esse mal. As famílias aliás, além da dor da perda, tiveram que aceitar o fato de que a despedida seria às pressas, sem apoio de amigos, sem tempo pra dignidade.
Trazendo esses números mais para perto, em nossa pequena comunidade, onde todos se conhecem de alguma forma, 19 famílias infelizmente já passaram por isso. Sem contar tantas outras que passaram ao longo do último ano com as incertezas e a angústia causada por um ente acometido pela doença.
É verdade que cada vida conta, e bastava uma vida perdida para a reflexão, mas os números impactam e ao longo da história são eles que dão dimensão do tamanho das tragédias, são números redondos como esse 500 000 que nos trazem a realidade das coisas. Em Brumadinho por exemplo morreram 270 pessoas, no holocausto foram cerca de 6 milhões na segunda guerra, e nos ataques de 11 de setembro 2700 (por aqui quase perdemos isso todos os dias nos últimos tempos).
O mundo inteiro sofre de alguma forma desde 2020 com a pandemia e seus efeitos, mas por aqui, em terras brasileiras, além da dor e do sofrimento causados pela doença temos ainda que conviver com a angústia da falta de comando e do desprezo pela vida, quase uma segunda pandemia dentro da primeira.
Nosso país se negou a comprar vacinas, incentivou terapias sem eficácia, nosso chefe do executivo zombou e zomba ainda da doença, diariamente (como assistimos isso calados?), seja insistindo em contrariar o que a ciência diz, seja imitando pessoas com falta de ar, seja divulgando fakenews ou mesmo promovendo aglomerações semanais. Há infelizmente quem apoie esse tipo de atitude, pessoas, e até respeitadas empresas bem próximas de nós compactuando com tudo isso.
E infelizmente, este despreparado e lunático senhor não é o único culpado de nossa tragédia, junto a ele estão aqueles que superfaturam em busca de lucro, os que desviam verbas, os que dão jeitinho e tomam a vacina que deveria ser de outra pessoa, e claro, aqueles que em desprezo total pela vida seguem se aglomerando e vivendo como se nada estivesse acontecendo.
Enquanto grande parte do mundo já começa a voltar à normalidade, com eventos, reuniões e sorrisos… Aqui, infelizmente ainda devemos chorar mais vidas e por mais tempo, afinal, no Brasil além do vírus que já é letal, há banalização e cumplicidade na incompetência e desrespeito à vida.
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