Um esqueleto monstro, de algum animal das eras antediluvianas, encontrado no Arraial de Prados, quando andavam desmontando uma lavra aurífera, ao pé do arraial, num terreno pertencente ao Pe José Lopes de Oliveira, foi motivo de um ofício datado de 26/08/1785, do governador da Capitania – Luiz da Cunha Menezes- para Martinho de Mello e Castro, conforme pode-se ver registrado no Volume III das “Efemérides Mineiras” de José Pedro Xavier de Veiga, às páginas 286 e 287. Referido esqueleto media 56 palmos de comprimento por 46 de largura. Admitindo-se o palmo de 20 cm, podemos imaginar como seria esse monstruoso animal, com 11 metros e 20 cm de comprimento por 9 metros e 20 cm de altura. Esse esqueleto descomunal foi encontrado no lugar denominado “Água do Pote” , a pouco mais de um quilometro da cidade. Não sendo possível encaixotá-lo todo, escolheram, então, os ossos que pudessem servir para identificação do gigantesco animal, enviando-os em embalagem muito segura para Portugal, onde esperava-se que fossem estudados. Sobre o resultado dos estudos, comenta o autor da preciosa obra acima referida que: “ Não consta que tal notícia resultassem explorações naquela localidade sobre assunto de tamanha importância para a paleontologia brasileira, ainda tão mal conhecida.
Eis a integra do referido ofício, extraído do livro do historiador e Pradense Dário Cardoso Vale, Memória histórica de Prados.
“ Ilmo e Exmo Sr. – Correndo por toda esta Capitania a notícia de ter aparecido em uma lavra do Padre José Lopes, ao pé do arraial dos Prados, Comarca do Rio das Mortes, no tempo em que se andava desmontando a mesma lavra, um esqueleto de 56 palmos de comprido, e na altura de quarenta e seis palmos, e não me parecendo desprezável uma semelhante e extraordinária notícia, sem embargo de me ter parecido hum pouco duvidosa, sempre mandei indagar qual seria a sua origem, e axando maior certeza de ter sido assim, mandei logo o sargento-mor Simão Pires Sardinha examinar o estado do escaleto e sua qualidade por ser um dos mais hábeis naturalistas, e minerialógico q. presentemente m’e há nesta Capitania. Este pelas providências que para um semelhante exame lhe mandei dar e de necessidade herão percisas, achou ainda com os restos resíduos que tinhão ficado da grande dezordem que houve conhecerão ser ossos de algum animal de haver três dias que os pretos de mesma Lavra tinhão andado quebrando os mesmos ossos com labancas, cuidando que herão raízes de páu. Os extraordinários ossos que remeto em hum caixote pequeno com sobscrito a V.Exa, e a análize, ou relação inclusa, que ele me fez do Estado, e circunstâncias fízicas em que achou os ditos ossos do dito escaleto, para o fim de V.Excª o fazer presente a Sua Magestade, como h’ua couza extraordinária, que me pareceu digna de lhe ser apresentada, e igualmente que por este extraordinário acontecimento, e saber eu terem aparecido já algum naquela Comarca mais três Escaletos, também de uma extraordinária estatura, de que se não fez caso algum, que já mandei dar as providências necessárias para ser avisado logo que se encontrar mais algum, ou outra qualquer couza extraordinária com vestígios que indiquem antiguidade, para todos os grandes socavoens que continuamente se andão fazendo pelas Lavras de toda esta Capitania. Deus guarde V. Excª m. ann. V.ª Rica, 26 de agosto de 1785. Ilmo. e Exmº Sr. Martinho de Melo e Castro – Luiz Cunha Menezes ( Extraído do Liv. Nº236 de Registro de Cartas dirigidas p/Governador à Secretaria de Estado, ano de 1783/1788. Pág. 76/77 -Arq. Público Mineiro – 3º vol. de Ef. Mineiras “
Por: Ismar Carvalho
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