Em cada passo dos cavalos, soava não apenas o tropel dos cascos sobre o chão vermelho de Minas e São Paulo, mas o compasso de um coração cheio de fé.
No último dia 17, um grupo de 12 romeiros partiu de Prados, Minas Gerais, montados em seus animais, rumo a Aparecida, São Paulo, lar da padroeira do Brasil. Chegaram ontem, dia 26 de junho, trazendo na poeira das estradas não só a lembrança viva dos antigos tropeiros, mas também lágrimas de devoção e gratidão.
A jornada foi idealizada por Dayker Júnior da Silva, pradense apaixonado por cavalos e devoto fervoroso de Nossa Senhora Aparecida. Ele sonhou com essa romaria há dois anos atrás e, desde então, vem articulando cada detalhe. Assim, já é a segunda vez que eles conseguem fazer o trajeto: “É a união do amor que temos pelos animais com a fé que carregamos em Nossa Senhora. Essa foi a grande motivação do grupo”, contou ele, emocionado.
O caminho não foi apenas físico: foi espiritual. Foram dias enfrentando trilhas, estradas antigas, rodovias movimentadas, cidades que se abriam para assistir, entre curiosidade e reverência, o cortejo de homens e animais. Até mesmo uma balsa fez parte do percurso, como se o caminho, em sua imprevisibilidade, fosse um lembrete de que a fé encontra passagem onde menos se espera.
A presença de Adelmo, responsável pela alimentação e pelo rancho durante o percurso, trouxe ainda mais significado à viagem. Tropeiro de outros tempos, Adelmo viveu com intensidade o que agora ajudava a reviver, unindo a experiência de antigas comitivas ao fervor renovado da romaria. Era como se cada fogão improvisado e cada refeição no campo costurassem passado e presente num mesmo manto de fé.
Vieram de Prados, mas também de Tiradentes e de Conceição da Barra de Minas. Doze homens guiados por algo maior que eles mesmos, conduzindo seus cavalos sob sol, frio e chuva. E ontem, quando enfim chegaram à Basílica Nacional, ajoelharam-se, com lágrimas nos olhos, diante da imagem que há séculos é mãe e refúgio de milhões de brasileiros.
Com sua missão cumprida, os animais já regressaram ontem mesmo, enquanto o grupo retornará amanhã de van, trazendo na bagagem: histórias, saudades e um coração ainda palpitante pela emoção do encontro.
Em tempos onde tudo parece tão corrido, gestos como esse reacendem a certeza de que a fé é capaz de mover montanhas — ou de percorrer centenas de quilômetros, de sela em punho, só para dizer obrigado. Porque, para quem crê, não há estrada longa demais quando o destino é o colo de Nossa Senhora Aparecida.
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