O Festival Cultural de Prados é mais do que uma celebração de arte, música e tradições. É também um momento de reverenciar quem ajudou, e ainda ajuda, a construir a identidade do nosso povo. Em 2025, duas figuras históricas ganham destaque nas homenagens oficiais: Vitoriano Gonçalves Veloso, o inconfidente que dá nome à comunidade do Bichinho, e Ivacir Lopes, o eterno Ratinho, guardião da história pradense.
Nascido em 1738 no antigo arraial do Gritador, hoje distrito de Vitoriano Veloso, mais conhecido como Bichinho, Vitoriano foi um homem simples, mas de alma grandiosa. Mulato forro, filho de mãe escravizada e pai branco, tornou-se alfaiate e Alferes dos Pardos da Igreja Nova.
Mesmo diante das adversidades impostas por sua condição social e racial, Vitoriano escolheu o caminho da coragem e da lealdade: uniu-se à Inconfidência Mineira como mensageiro de confiança dos inconfidentes. Transportava cartas e bilhetes sigilosos, sendo peça fundamental na articulação da revolta. Por seu envolvimento, foi brutalmente punido, açoitado, acorrentado e deportado a Moçambique, onde morreu em 1803.
Hoje, sua trajetória inspira resistência, bravura e fidelidade a um ideal de justiça. Sua memória ecoa como um símbolo de luta e como um convite à reflexão: quem somos e que valores queremos perpetuar?
Quem nunca ouviu falar do Ratinho, o guardião do Museu Marieta Teixeira de Oliveira? Ivacir Lopes é sinônimo de dedicação à memória de Prados. Desde a juventude, coleciona relíquias que contam a história da cidade, de fotos antigas a móveis, passando por moedas, documentos raros e até um gabinete odontológico completo.
Como ex-funcionário da Escola Adhemar Campos Filho, Ratinho encantava gerações de alunos com visitas guiadas ao seu museu, ensinando, de forma viva, o valor da preservação do patrimônio.
Reconhecido como “Amigo do Patrimônio” e participante ativo da candidatura de Prados a Capital Brasileira da Cultura, seu maior sonho sempre foi ver o museu seguir vivo. Em 2025, esse legado ganha novo fôlego com o apoio da Lei Paulo Gustavo e a produção de um documentário sobre sua história.
Mais do que entretenimento, o Festival Cultural de Prados é um ato de identidade. Ao homenagear Vitoriano Veloso e Ivacir Lopes, a cidade reconhece duas trajetórias que se cruzam no tempo pela força simbólica: o inconfidente que sonhou com a liberdade do Brasil e o cidadão que luta diariamente para preservar nossa essência.
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