Em outubro celebramos o mês das Missões e do Rosário. A Igreja é, essencialmente, Missionária! Faz parte da sua essência, ela precisa obedecer o Mandato ou a ordem do Mestre: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura”! Mt 16, 15 Esse tesouro que recebemos, a saber, o Evangelho não pode ser retido, de modo egoísta. Devemos partilhá-lo, como o “Bom Semeador” que saiu a semear. O Apóstolo Paulo tinha consciência deste dever – “Ai de mim se não anunciar o Evangelho”! 1 Cor 9, 16 Este é um imperativo que se impõe a todo cristão batizado que recebeu a Vida Nova nas águas do Batismo. Papa Francisco recentemente nos levou a refletir: “Insisto sobre este aspecto da missionariedade, porque Cristo convida todos a irem ao encontro dos outros. Nos envia, nos pede que nos movamos para levar a alegria do Evangelho. Devemos nos perguntar: somos missionários ou somos cristãos de sacristia, só de palavras mas que vivem como pagãos? Isso não é uma crítica, também eu me questiono. A Igreja tem suas raízes, mas olha sempre para o futuro, com a consciência de ser enviada por Jesus. Uma Igreja fechada trai sua própria identidade. Redescubramos hoje toda a beleza e a responsabilidade de ser Igreja apostólica.”
Ao celebrarmos o mês Missionário, inevitavelmente voltamos nossos olhares para as minorias cristãs que vivem no Oriente Médio e em outros tantos lugares onde sofrem perseguições e são hostilizados. Parece até que estamos voltando ao tempo das Catacumbas. Os primeiros quatro séculos da Igreja foram marcados por grandes perseguições e por muitos mártires que preferiram a morte a renegar a Cristo: Sebastião, Cecília, Ignês e tantos outros. A história se repete. Segundo estatísticas 75% das pessoas perseguidas hoje por motivos religiosos são cristãs. O Cristianismo é hoje, sem sombra de dúvida, a Religião mais perseguida no mundo. Confira clicando aqui
Neste exato momento o mundo assiste inerte o conflito interno na Síria que já fez milhares de vítimas e milhões de refugiados. Grupos extremistas tem atacado frontalmente uma minoria cristã que ainda vive na Síria. Igrejas cristãs antigas: Católicos, Armênios, Greco-Melquitas, Sírio Malabar e outros tantos. Gente da terra que é hostilizada por grupos fundamentalistas, movidos pela praga da intolerância religiosa. Recentemente a Cidade de Maaloula na Síria, situada no vale dos cristãos, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO foi sitiada por grupos armados que aterroziram a população local e mataram civis. Maaloula é a única cidade do mundo onde ainda se fala o Aramaico, língua falada por Jesus.
A intolerância cresce e ceifa vidas! Por isso mesmo precisamos compreender a Missão em nova chave hermenêutica. Ser missionário é levar a Boa Nova de Jesus, mas é também criar uma cultura de tolerância e respeito mútuo. Ser missionário é contagiar a outros com nossa fé, mas, ao mesmo tempo, respeitar a liberdade de consciência de cada pessoa. A palavra lúcida de nosso papa emérito nos ajuda: “a Igreja não cresce com proselitismos, mas com atração e com testemunho”! Ele confirma o adágio – “as palavras comovem, os exemplos arrastam”. Que nossa coerência de vida seja um valioso instrumento de evangelização.
Por fim, presto minha homenagem a um ilustre filho desta terra, que conheci por meio do testemunho de terceiros. Trata-se do Padre José Belmiro, que foi um grande missionário. Proeminente membro da Congregação do Verbo Divino, poliglota, de hábitos simples, esteve em diversos continentes levando a Boa Nova de Jesus. Contudo, termino com uma provocação: ser missionário não significa, necessariamente, deixar a terra, partir para um país distante. Talvez sua casa seja “terra de Missão”! Talvez seu ambiente de trabalho seja “terreno missionário”. Procure ser instrumento de paz onde quer que esteja! Sinal da presença do Cristo Ressuscitado! Até a proxima!
Pe. Dirceu de Oliveira Medeiros
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