Na tarde de ontem o Grupo Bandeirantes perdeu seu maior âncora, uma família de 6 filhos e esposa perdeu seu porto seguro, e nós todos em tempos de informações tão incertas, em tempos de fakenews, blindagens obscuras e sensacionalismo banalizado, perdemos um comunicador em quem se confiar, alguém sem papas na língua, capaz de dizer que um líder religioso precisava de “rola” sem ser vulgar, capaz de ser crítico da esquerda e da direita sem incômodos. Perdemos a elegância na informação de Boechat.
O jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, nasceu em Buenos Aires, na Argentina, quando o pai Dalton Boechat, diplomata, estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores. Dono de um humor ácido, usava essa característica para noticiar fatos e criticar situações. O tom era frequente nos comentários de rádio, televisão e também na imprensa escrita.
Nos anos 1970, Boechat começou no jornalismo no Diário de Notícias como assistente do colunista Ibrahim Sued. Do Diário de Notícias, seguiu com Sued para O Globo em que trabalhou por 14 anos. Também foi chefe de reportagem da Rádio Nacional, em 1973.
Boechat foi para o Jornal do Brasil, no início dos anos 1980, após briga com Sued. Logo depois retornou ao O Globo para assumir a Coluna do Swann. Ele teve uma breve passagem pela Secretaria de Comunicação do governo Moreira Franco, no Rio de Janeiro, em 1987.
Depois, ao voltar para O Globo, o jornalista ganhou sua própria coluna: Boechat. Nesta época, o jornal estabelecia a linha editorial de ter dois colunistas sociais de prestígio: Ricardo Boechat e Zózimo Barroso do Amaral.
Em 1997, passou a ser comentarista no telejornal Bom Dia Brasil, na Rede Globo. Nesta época, sua coluna era a mais lida no jornal carioca e uma referência nos jornais impressos, pautando dezenas de redações pelo país.
Em 2006, foi para o grupo Bandeirantes. Pela manhã, apresentava um programa com seu nome dividido em duas partes: uma nacional e outra dedicada ao Rio de Janeiro. À noite, era o âncora do Jornal da Band. Também escreveu para os jornais O Dia e O Estado de São Paulo.
Boechat ganhou três prêmios Isso em 1989, 1992 e 2001. Venceu oito vezes o Prêmio Comunique-se. Ele deixa mulher, cinco filhas e um filho.
O acidente
O jornalista do Grupo Bandeirantes morreu na queda de um helicóptero na Rodovia Anhanguera, quando retornava de uma palestra em Campinas. O helicóptero caiu em cima de um caminhão no km 22 da rodovia, sentido interior, com o Rodoanel, e acabou explodindo. O motorista conseguiu escapar com vida.
O acidente ocorreu no início da tarde de ontem (11). O piloto da aeronave, Ronaldo Quatrucci, também morreu.
Ricardo Boechat tinha uma marca registrada, era honesto em seus comentários, ele tinha muito ainda a oferecer ao jornalismo brasileiro. Sua responsabilidade com a informação e sua crítica construtiva aos que estavam no poder, seja de que lado fosse, deixarão saudade.
Informar nunca é simples, é sempre um desafio que envolve coragem e discernimento. Fica aqui a homenagem do Prados Online a este ícone da comunicação brasileira.
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