O machismo e a masculinidade tóxica cultivados na infância: no interior é natural?

No último fim de semana, eu e o meu marido fomos ao distrito  onde moramos até março deste ano. Estava tendo festa no distrito e no dia seguinte íamos comemorar o aniversário do meu sogro. Enquanto preparávamos o almoço, duas coisas me chamaram a atenção: apenas as mulheres estavam envolvidos no almoço e na limpeza e 2 frases de advertência a dois meninos: “brincar de casinha não é coisa de menino” e “cozinha é coisa de mulher, volta pra sala”.

Complicado! Quando vou visitar a família do meu marido  e quando eu morava lá, eu era conhecida como “moderninha”, “revoltada” e “feminista”por achar essas coisas absurdas. Nem é isso. Apenas uma vivência em lugares maiores, uma educação mais liberal e as coisas que estudei. E não acho que é por maldade. É cultural, principalmente se são pessoas mais velhas ou do interior. A culpa desse tipo de pensamento distorcido é da nossa sociedade. E em lugares menores e onde pessoas estudam menos, esse tipo de pensamento é muito natural. Natural como maridos proibirem suas esposas de estudar e trabalhar. Meu marido tem um pensamento muito diferente, mesmo tendo morado até os 24 anos por lá. Mas ter conseguido estudar e morar em outras cidades fez a diferença.

Mas não quero aqui estigmatizar que o lugar e o pouco estudo como culpados desse tipo de pensamento. O erro foi um dia esse pensamento ter sido introduzido e continuado por tantas gerações na sociedade. E sim, pessoas estudadas tem esse tipo de pensamento sim, ou senão, não teríamos eleito Bolsonaro.

Esse pensamento machista vem mudando mas ainda está longe do ideal. Esse tipo de pensamento é extremamente ruim. Porque no caso das meninas, limita suas potencialidades. Como se elas estivessem ali para servir ao homem cozinhando e limpando. E no caso dos meninos, exige que eles sejam insensíveis, reprimidos e culpados se por acaso gostarem de coisas ditas de menina. É a masculinidade tóxica cultivada na infância.

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