A indefinição sobre o pagamento das bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tem preocupado a direção e pesquisadores das universidades federais de Juiz de Fora (UFJF) e São João del Rei (UFSJ).
A pedido do MG1, as instituições destacaram o impacto e as medidas em andamento. A UFJF vai pagar com recursos próprios para manter a pesquisa até o fim deste ano letivo. Um dos pesquisadores, coordenador do laboratório de química, Luiz Fernando Cappa de Oliveira, afirmou que o pior impacto será para os estudantes, para quem estes recursos são “o único meio de sobrevivência”.
A UFSJ destacou que é de “extrema preocupação o agravamento da crise no orçamento” e que 126 projetos em diferentes áreas de conhecimento, tanto na graduação quanto na pós-graduação, e que ainda 33 pesquisadores serão afetados e terão impacto no custeio dos projetos. (Confira abaixo a íntegra da nota da instituição)
A Universidade Federal de Viçosa (UFV) foi procurada e não se manifestou até a exibição da reportagem.
Para garantir as mais de 300 bolsas pagas pelo CNPq, a instituição decidiu assumir o custeio. Para manter as bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado serão empregados cerca de R$ 750 mil em recursos próprios. A medida garante o pagamento até o fim deste ano.
“É uma medida emergencial, que não resolve toda a situação. Neste momento, foi a que causa menos impacto à pesquisa que está sendo realizada na instituição, aos laboratórios, aos pesquisadores e principalmente à formação dos nossos alunos”, explicou a Pró-reitora de Graduação e Pesquisa, Mônica Ribeiro Oliveira.
“Na nossa instituição esse impacto está se dando nas bolsas de produtividade, que são dadas aos nossos maiores e melhores pesquisadores. E nas bolsas de iniciação científicas, dadas aos estudantes que também são muito preciosas para nós”, acrescentou.
No entanto, isso não alivia as preocupações de estudantes e pesquisadores, como o professor de físico-química da UFJF, Luiz Fernando Cappa de Oliveira.
Responsável pelo laboratório de química, ele coordena pesquisas na área de alimentos. Recebe uma bolsa no valor de R$ 1.300, mais R$ 1.100 no fomento de trabalhos de pesquisa.
“É com esse dinheiro que a gente sustenta o básico do laboratório, papel, luva e toda essa parte de escritório. O pior mesmo é em relação aos estudantes. O corte, o não pagamento, a não existência de verba do CNPq até o fim do ano implica nesses estudantes deixarem de receber suas bolsas e essas bolsas são o único meio que eles têm de sobrevivência”, afirmou o pesquisador.
Em nota, a UFSJ respondeu sobre o assunto. Veja abaixo a íntegra:
“A Universidade Federal de São João del Rei acompanha com extrema preocupação o agravamento da crise no orçamento do CNPq, e tem se manifestado em conjunto com as Instituições de Ciência e Tecnologia do país, procurando evidenciar o grande prejuízo no desenvolvimento nacional se esta situação não for revertida.
Na UFSJ, a suspensão dos pagamentos de bolsas do CNPq impactará diretamente 126 projetos desenvolvidos com o apoio de estudantes de nossos cursos de graduação e pós-graduação, em todas as áreas de conhecimento.
Adicionalmente, 33 pesquisadores que desenvolvem projetos apoiados pelas bolsas de produtividade em pesquisa, desenvolvimento tecnológico ou extensão inovadora poderão ter seus projetos impactados por esta suspensão. Além das bolsas, o custeio desses projetos de pesquisa serão também fortemente afetados”.
*Informações G1 Barroso
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