O projeto, que ainda não está acabado, usou o Fiat como base, incluindo a parte mecânica, o chassi e o motor 1.0 de quatro cilindros. O visual ficou parecido com o do Aventador, o modelo mais caro da marca italiana, e a réplica é surpreendentemente fiel às proporções do carro original – equipado com propulsor 6.5 V12 de 740 cv na configuração padrão. Segundo a Tabela Fipe, o compacto da Fiat tem preço médio de R$ 8,6 mil. Já um Aventador zero custa aproximadamente R$ 3,8 milhões.
Goulart estima ter investido até hoje cerca de R$ 30 mil no projeto, o que é bastante dinheiro para as suas condições financeiras. O jovem de 29 anos conta que hoje recebe pouco mais de R$ 1 mil trabalhando como auxiliar em uma empresa de comunicação visual na cidade onde mora. Ou seja, aproximadamente um salário mínimo. Ele mora com a mãe, cuja casa foi adaptada para a construção do carro, e é responsável pelo sustento da família. “Sempre fui fã de carros esportivos. Quando comprei o Mille, achei o visual muito quadrado. Decidi construir aerofólio e spoiler usando as ferramentas disponíveis, pois na época trabalhava como pedreiro”, conta Edimar Goulart.
O que inicialmente seria apenas uma customização caseira acabou crescendo: o rapaz decidiu alterar toda a carroceria, deixando-a mais baixa e chamativa. As primeiras peças do “LamborgUno” foram feitas com massa plástica, isopor e cantoneiras de metal. Com o passar do tempo, a construção foi aprimorada. “Quebrava muito fácil. Então comecei a refazer a carroceria com estrutura metálica de aço, soldada ao chassi. A superfície também foi refeita com chapas de aço, complementada com fibra de vidro”, relata Goulart.
Notificação da Lamborghini Ele também conta que alterou o desenho original após receber, neste ano, uma notificação extrajudicial de um escritório de advocacia de São Paulo, representando a Lamborghini. “Dizia que o nome Lamborghini e o desenho do carro eram propriedade industrial. Removi o logotipo da marca e alterei a lateral para ficar diferente. Também usei elementos de outros esportivos e não tive acesso a nenhum molde do Aventador original”, diz o auxiliar, que enfatiza não ter planos de vender nem lucrar com o carro de alguma maneira.
Também “rebatizou” o cupê artesanal de “Projeto X”.
Edimar Goulart se diz autodidata e ainda não concluiu o Ensino Médio – as aulas do curso supletivo foram temporariamente suspensas por conta da pandemia do coronavírus. “Aprendo muito fácil, só de ver. Já trabalhei como mecânico de bicicletas, mas nunca tinha mexido em um carro antes. Vi tutoriais na internet e aprendi e desmontar o motor. Faço tudo no ‘olhômetro'”, explica. Goulart pretende um dia se formar como designer automotivo ou engenheiro. Para montar a carroceria baixa típica de um Lamborghini, Goulart teve de mexer nas colunas dianteiras e promover outras modificações estruturais – o “LamborgUno” ainda não foi legalizado para rodar em vias públicas.
“Já procurei um despachante e vai custar cerca de R$ 7 mil para tirar o documento de protótipo experimental e resolver outras pendências de IPVA e licenciamento”, conta o mecânico a UOL Carros. “Quando tudo normalizar, quero terminar os estudos. Sempre que sobra um tempinho vou mexer no carro”, complementa. Em 2018, a repercussão do projeto rendeu o convite de uma loja de carros importados localizada em Cuiabá (MT) para conhecer o Aventador “legítimo” – ele levou seu “LamborgUno” na ocasião para a capital mato-grossense.
“Fiquei boquiaberto, nunca tinha visto um esportivo na vida”.
*UOL
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