No último sábado teve fim a quadragésima segunda edição do que é um dos mais tradicionais festivais de música de Minas Gerais e do Brasil, o Festival de Música de Prados. Em 2019 contou com Fabio Brucoli na direção artística, Flávia Camargo Toni como diretora administrativa, Eduardo Raele como coordenador artístico e pedagógico, César Pellegatti na coordenação geral e Tatiana Aparecida Nascimento, Rejaine de Almeida Rezende e Adhemar Campos Neto na organização. Foi uma realização da Lira Ceciliana de Prados, com patrocínio da FAPESP e Prefeitura Municipal de Prados.
O evento teve início na década de 70 através de uma parceria entre a Lira Ceciliana, representada pelo maestro Adhemar Campos Filho e da grande figura do também maestro Olivier Toni. Desde então, praticamente 42 edições ininterruptas – o único ano que se fez ausente foi na ocasião do falecimento do maestro pradense – o festival ainda mantém sua tradição e relevância na cidade e região. Como a grande maioria dos eventos desse porte atualmente no Brasil, passa por dúvidas em relação a questões financeiras, mas segue continuamente com uma programação de alto nível.
Foto de Willian Marques – Momentos antes do início do Concerto de Encerramento. Detalhes da Igreja Matriz de Prados Nossa Senhora da Conceição.
Não acompanho o evento desde sua criação, tendo me mudado para Prados em 2008. Podemos considerar 11 anos relevante, entretanto, muitas outras pessoas se fazem presentes no evento desde muito antes. Pelo porte da cidade de Prados e pelo tamanho do festival, podemos falar que a cidade realmente ganha novos ares durante o mês de Julho. Com a maioria dos concertos sendo feitos de casa cheia, e com uma programação que inclui Vitoriano Veloso (Bichinho) e a cidade de Coronel Xavier Chaves, é um momento de troca de aprendizados, novas experiências e crescimento para muitos, dos alunos, ouvintes ou daqueles que vêm da capital paulista. Grandes nomes já passaram e ainda passam por Prados, e tendo em vista a dificuldade de manutenção de eventos similares de outras cidades ou estados, podemos dizer que é impressionante o marco de 42 edições praticamente ininterruptas, e os planos para o próximo já começaram.
Em 2019, o contou com 11 concertos/apresentações entre os dias 14 e 27 de Julho. Todos de alto nível e com uma presença incansável do público pradense e de cidadãos que se locomovem das cidades vizinhas para acompanhar de perto. Ainda conta com uma rica parte pedagógica, com aulas gratuitas e de qualidade a toda a população da região. Para falar um pouco sobre o festival na perspectiva dos pradenses, procurei a Lira Ceciliana em nome da Presidente Tatiana Nascimento e a Prefeitura Municipal de Prados, através das secretarias de cultura na pessoa de Jorge Ferreira e administração na pessoa de Eduardo Nascimento. Tive um retorno apenas por parte da Lira Ceciliana, não obtendo respostas por parte da prefeitura municipal. *
Para Prados, de forma geral, tem sido um ano um pouco apagado, ao compararmos com anteriores (como mencionei no texto passado, aqui), algo que independe do festival, me referindo à cidade em si. Mas apesar disso, presenciamos o brilho no olho das crianças, especialmente no Concerto de Alunos do Festival (26/19), cuja duração chegou às 03 horas (ou mais!), há tempos não se via um encerramento de alunos tão longo – e que felicidade – e com o Teatro Infantil, que já é rotina da molecada nas férias, tendo acontecido no último dia, 27.
Sobre o legado do festival, ao longo do ano, Tatiana Nascimento disse: “os frutos do festival também são importantes para o movimento musical Pradense. Do Festival saem muitos alunos que continuam fazendo aula na escola da Lira e nas parcerias que a Lira faz com outras instituições como UFSJ e a Assovio”
Sobre o reconhecimento da população pradense e de planos futuros, a presidente ainda diz: “é muito importante que a Prefeitura e a comunidade Pradense saibam a dimensão e qualidade do Festival. […] Entender que é um evento cultural importante, que não existe em outras cidades do porte de Prados, oferecendo cursos, concertos e recitais gratuitos, é essencial para que continuemos a realizar.”
São muitos os produtos do Festival de Prados, e muitas vezes não vemos diretamente, por acontecerem em sua maior importância a longo prazo. Eu mesmo me considero um produto do festival. Tendo iniciado musicalmente na Lira Ceciliana, como grande parte das pessoas que aqui moram, o evento servia de incentivo e novos aprendizados. No meu oitavo ano como aluno do festival me tornei também aluno da UFSJ e escolhi o meio como profissão. Olhar para o projeto a longo prazo é fundamental, e incentivar uma visão da música como hobbie, lazer, aprendizado, conhecimento, informação e crescimento como pessoa é maravilhosa, assim como a possibilidade que podemos dar também aos interessados de mostrarmos o labor musical, para que percebam como funciona a profissão de perto. Algo que pelas dimensões da cidade e importância da música aqui já aconteceu mais, embora esteja sempre presente.
Como ouvinte, aluno e desde 2018 professor do festival, afirmo certamente que é um dos eventos que mais marcou minha formação como pessoa e músico, e vejo que acontece isso com meus pares também. Resta agora, principalmente pela parte mineira, já começarmos a planejar o de 2020 para que cada ano esteja melhor e mais bem estruturado.
Octávio Deluchi
Prados Online
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