No Brasil, é comum ouvir a expressão “pé de boi” como uma forma de se referir a carros básicos, com poucos recursos e opções de personalização. Essa denominação curiosa tem origem no Fusca, um dos carros mais icônicos da história automobilística.
O modelo ganhou diversas versões e apelidos ao longo dos anos. Entre eles, destaca-se o termo “pé de boi”, utilizado para descrever a mais básica versão do Besouro, desprovida todo e qualquer equipamento adicional.
O Fusca “pé de boi” surgiu em 1965, quando o governo federal criou uma linha de crédito especial para a compra de automóveis zero km. Naquele ano, o carro custava Cr$ 5 milhões, o que em valores atualizados seria R$ 116 mil.
O Fusca “pé de boi” surgiu em um contexto no qual a simplicidade e a economia eram fundamentais para atender às necessidades de mobilidade de um público amplo. A designação “pé de boi” está relacionada à simplicidade dos carros populares, remetendo à figura dos bois utilizados como força motriz no campo.
O Fusca “pé de boi” era caracterizado por sua simplicidade, funcionalidade e robustez. À época, a Volkswagen simplesmente resolveu tirar tudo que não fosse exigido por lei da versão basicona do Fusca.
O carro, por exemplo, não tinha nenhum friso na carroceria, retrovisores ou os tradicionais repetidores de seta sob os para-lamas dianteiros do Fusca. Até o tradicional emblema da VW no capô foi subtraído.
A versão do Besouro que virou sinônimo de carro básico no Brasil tinha só duas opções de cor: cinza claro e azul pastel. No lugar do acabamento cromado, o Fusca “pé de boi” trazia uma pintura branca nos aros dos faróis, calotas e para-choques, que também teve peças suprimidas.
Por dentro, os encostos do banco do motorista e do passageiro vinham sem qualquer tipo de regulagem. O Fusca “peladão”, pasmem, não tinha sequer marcador de combustível. Para saber quanto de gasolina havia no tanque, o dono tinha que conferir o nível de uma vareta, imersa no tanque.
Faltavam também grade do alto-falante do rádio, alça de apoio (o famoso puta merda), além da tampa do porta-luvas e do cinzeiro, presente em outras versões do carro. Nada também de porta-objetos nas portas, borracha no acelerador ou luzes internas. Os vidros traseiros eram fixos limitando a ventilação a bordo. O famoso “macaco” ficava solto no porta-malas.
Com motor traseiro, 1.2 L, 4 cilindros a gasolina, do tipo boxer, como característico do Fusca, o Pé de Boi da Volkswagen oferecia 36 cv de potência e 7,7 kgfm de torque. O câmbio era manual de quatro marchas, com tração traseira.
As rodas de aço eram aro 15 e os freios a tambor, com acionamento hidráulico. Na suspensão, barras de torção na frente e atrás. O carro, segundo a VW, conseguia atingir até 107 km/h de velocidade máxima, mas levava 47 segundos para ir de 0 a 100 km/h. O consumo, na cidade, variava entre 8,5 a 10 km/L.
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