ITAPECERICA E LAGOA DA PRATA. Depois da virada do ano, boa parte dos brasileiros começa o novo ciclo já pensando em Carnaval. Fevereiro é, portanto, o mês mais esperado. E das tradicionais marchinhas ao axé, passando pelos batuques, famílias, crianças e jovens saem às ruas em busca de diversão. Mas, em Minas Gerais, a festa neste ano foi ameaçada pela crise hídrica. Mais de 20 cidades a cancelaram, com destaque para a região Centro-Oeste.
Tradicionais, as folias de Lagoa da Prata e Itapecerica não acontecerão. Além do pesar, há prejuízos e estoques de mercadorias parados. “Foi uma surpresa para todos, já que o Carnaval aqui é muito antigo. Vamos ter prejuízo e deixaremos de ganhar dinheiro. Havíamos estocado cerca de 150 caixas de cerveja, 150 litros de bebidas quentes e 150 latas de energético. Alugamos um imóvel nos fundos para alguns foliões e tivemos que devolver R$ 1.500 pelo cancelamento da reserva”, conta o comerciante Almir Cassio Cruz Soares, 46, que administra um bar, em Itapecerica.
Segundo Soares, o prejuízo é geral na cidade. “Todos vão perder dinheiro. Não só os bares, mas o mercadinho, o supermercado, o restaurante, aluguéis de casa”, afirma. A esperança é que mesmo sem a festa oficial haja algum movimento, para que o investimento não seja todo perdido.
Em Lagoa da Prata não é diferente. A comerciante Maria Antônia Guimarães, 63, perdeu por não alugar seus dois cômodos e quatro quartos. Ela estima que deixará de ganhar cerca de R$ 20 mil, dentre aluguéis, venda de comidas e de colares havaianos, que ela faz para vender aos clientes. “Além de contar com esse dinheiro, essa é a época do ano que mais gosto. Desde que me entendo por gente temos Carnaval aqui, e fiquei muito sentida com o cancelamento”, lamenta Maria Antônia.
O dinheiro que seria arrecadado durante a folia, investiria na reforma de casa. Mas ela não desiste das vendas. “Eu vou montar a minha banquinha de bebidas, mesmo assim. As pessoas aqui gostam muito da festa. Acho que todo mundo vai acabar vindo aqui para a praça”.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Lagoa da Prata informou que a circulação de pessoas não será impedida, mas carros de som permanecem proibidos. Estes precisam ter autorização do Ministério Público para ficar ligados. A Prefeitura de Itapecerica informou que ainda não há um posicionamento oficial sobre o desfile dos blocos. Ambas as prefeituras informam que o cancelamento da festa foi apoiado pela maioria dos moradores.
Legado. Guaracy José Oliveira, 47, é um dos organizadores do bloco mais antigo de Itapecerica. O Mal Dormidos existe há mais de 25 anos e sempre abre o Carnaval. O desfile acontece às 5h de sábado, com todos os foliões vestidos de pijamas. É uma atração à parte e que costumava atrair diversos admiradores, até de cidades vizinhas.
“Isso foi uma decepção para a gente. O bloco vai sair, mas muitas pessoas, que antes vinham só por nossa causa, deixarão de vir. O bloco é uma tradição e um dos mais movimentados da cidade. Mesmo assim, vamos sair normalmente e tocando sempre marchinhas”, conta Guaracy. Em anos anteriores, o Mal Dormidos atraia cerca de 3.000 pessoas. Neste ano, a expectativa é que o número caia pela metade.
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Consciente Proprietária de um hotel em Itapecerica, Angélica Mesquita Ribeiro comenta que houve uma redução significativa no número de reservas para o período carnavalesco. No entanto, em vista do risco da falta de água, ela admite que o Carnaval é menos importante. Diante disso, ela acha que os blocos tradicionais devem sair normalmente, e que será um Carnaval mais em família.
Matinê Para a folia não passar em branco, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Lagoa da Prata informou que será realizada a matinê de Carnaval, na prainha da cidade. O evento foi aprovado na Câmara Municipal e usará recursos de uma fundação de cultura do município. As atrações se encerrarão sempre às 18h, e a programação será toda conduzida por músicos locais.
Cascata Os cancelamentos do Carnaval no Centro-Oeste de Minas Gerais foram em efeito cascata. Após a primeira decisão, de Cláudio (já no ano passado), outras cidades temeram sofrer o aumento no número de foliões e não darem conta de atender bem o visitante e a população local, sobretudo, com o fornecimento de água. A assessoria de Itapecerica, por exemplo, admite que esse foi o motivo.
Com informações do jornal O Tempo
Publicado em 11/02/2015
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