Uma estudante recifense venceu o concurso de redação “Cientista por um Dia 2020-2021”, da Nasa, em uma disputa que teve 14 mil inscritos. Isadora Vasconcelos, de 12 anos, cursa o 7º ano em uma escola da rede pública do Recife e foi incentivada por um de seus professores. Ela foi a vencedora da categoria Ensino Fundamental I, uma das três em disputa.
A proposta da redação era escrever sobre uma das três luas de Urano visitadas pela sonda Voyager 2 da Nasa, que foi ao espaço em 1986. Os inscritos tiveram que estudar Ariel, Oberon e Titânia e definir para qual delas uma nova expedição deveria retornar.
“Eu escolhi Arieliano (Ariel). A minha inspiração foi a princesa Ariel dos contos de fadas. Fiz uma comparação entre Ariel lua e a dos contos de fadas. Para ficar um texto mais leve, mais divertido”, contou Isadora ao UOL. A redação “Ariel: Do mundo da fantasia para realidade de um mundo fantástico” encantou os pais e o professor – e acabou conquistando também os jurados do concurso.
Não achei que iria ganhar. Foram 14 mil participantes. Eu pensei: sério, quais as chances? Foi muita gente”.
O universo e a tecnologia são temas que encantam Isadora. Temas que atiçam sua curiosidade e provocam metas ousadas. “Quero fazer faculdade no Japão. Gosto da cultura, gastronomia, dos templos, a tecnologia. E o idioma?”, continuou ela, que revelou já estar aprendendo a falar japonês.
“Quero até ensinar minha mãe. Eu já disse que vou falar japonês no dia a dia e que, se ela quiser me entender, vai ter que estudar”, brincou.
A professora Aliria Monteiro, de 34 anos, é mãe de Isadora e uma de suas maiores incentivadoras. “A educação é minha área e transformou minha vida. Fui a primeira filha a ter ensino superior na minha família. Então, incentivo tudo que ela deseja fazer e me dedico junto”, explicou.
A ideia de inscrever Isadora no concurso foi do professor de geografia dela. A estudante participa do clube de astronomia criado por Alamy Veríssimo.
É um trabalho de pesquisa espacial que vem de algum tempo. A gente entende que muitas profissões emergentes da tecnologia virão da exploração espacial. O interesse partiu daí”.
Veríssimo disse que, em uma das pesquisas, surgiu a seguinte curiosidade: “Quantas sondas foram enviadas ao espaço? Lixo espacial pode ser reciclado? Já tem gente querendo explorar asteroides em busca de riquezas. Montamos um grupo para trabalhar a imprensa mirim. Veio a pandemia e todo mundo foi para casa. Aí percebi o destaque de Isadora pelo aplicativo das aulas.”.
Segundo o professor, a organização, a curiosidade e a busca por feedbacks de suas atividades voltaram seus olhos ao talento de Isadora.
Percebi que ela é uma pesquisadora nata. Quando vi no site da Nasa o concurso, também vi que Isadora tinha possibilidade muito real de participar Começamos um trabalho de pesquisa. Passei informações sobre Urano e as três luas escolhidas pela Nasa. Ela me perguntou se em Urano poderia ter sereias. Então, ela uniu a fantasia à realidade. Quando eu li, percebi que ela tinha chance de ganhar.
O texto de Isadora Vasconcelos será publicado, em inglês, no site da Nasa. Além disso, a estudante ganhará um certificado de vencedora do certame – já disponível de forma virtual.
Confira a redação campeã:
Ariel: do mundo da fantasia para realidade de um mundo fantástico
Arieliano, vulgo “Ariel”, uma lua de Urano que aparenta ter saído de um conto de fadas, assim como Ariel dos contos infantis, desbravadora de um Novo Mundo.
A “nova Ariel”, real, apresenta-se muito mais misteriosa e, com certeza, com desafios maiores para a humanidade, uma humanidade a beira de um colapso civilizacional.
Ariel é uma lua esbranquiçada e reluzente tão “brilhante” quanto os olhos da Ariel dos contos de fada, sua superfície cheia de crateras mostram apenas o quanto ela pôde ser alcançada por corpos celestes. A composição de Ariel é de aproximadamente 70% de gelo (água congelada, dióxido de carbono em estado sólido, e, possivelmente, também gelo de metano) e 30% de rochas compostas por silicatos. Elementos que não nos são desconhecidos. Os recursos na terra são finitos e a escassez cada vez mais evidente. Poucas pessoas, as mais ricas, se apoderam dos recursos e deixam a maioria da população sem quase nada, neste sentido, a sustentabilidade parece um conceito vazio.
E é à beira desse colapso que a humanidade voltará seu olhar para o espaço, tão cheio de perspectivas. Seria possível os humanos se adaptarem a um novo ambiente? Seria tão impossível acreditar que a nossa ciência, curiosidade, veia desbravadora não nos levaria tão longe? Ou mesmo nossa cobiça?
Sendo assim, imaginar que um dia poderíamos habitar outra órbita que não seja a da Terra pode ser muito empolgante. Mas o mais interessante de “Ariel” é o quanto essa Lua guarda algumas similaridades com alguns desafios que a humanidade já enfrentou como: gelo, paisagens desérticas e crateras lunares.
Neste sentido, vislumbra-se a criação de mecanismos capazes de nos permitir explorar o espaço, e expandir não apenas as fronteiras tecnológicas, mas as fronteiras da humanidade.
*uol
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