No segundo trimestre de 2021, o desempenho econômico estadual em termos da evolução do índice de volume do Produto Interno Bruto (PIB) foi superior ao da economia brasileira. No período, o PIB de Minas Gerais registrou expansão de 1,8% em relação aos três primeiros meses do ano e o PIB do Brasil manteve relativa estabilidade, com retração de 0,1%. Entre abril e junho, Minas Gerais teve um PIB estimado em R$ 206,1 bilhões, o que representou 9,6% do PIB nacional no trimestre. Os números foram apresentados na tarde desta sexta-feira (17/9) pela Fundação João Pinheiro (FJP), que também publicou o informativo Contas Regionais: PIB MG – 2º Trimestre de 2021, detalhando os resultados por setor de atividade.
A diferença nos resultados observados nas economias mineira e brasileira pode ser explicada pelo desempenho favorável da atividade industrial no cenário estadual e, particularmente, da atividade de energia e saneamento e da indústria de transformação. No estado, o Valor Adicionado Bruto (VAB) da indústria cresceu 4,6% em relação ao trimestre anterior e, no Brasil, decresceu 0,2%. “O crescimento nominal da indústria de transformação pode ser atribuído, em primeiro lugar, ao aumento da quantidade produzida de bens e serviços e, em segundo lugar, aos preços, que também aumentaram”, explicou o pesquisador Raimundo Leal.
A indústria de transformação foi determinante para o resultado positivo do índice de volume do PIB mineiro no segundo trimestre de 2021, uma vez que possui forte efeito multiplicador na economia, respondendo por grande parcela das compras – consumo intermediário – realizadas. Em relação ao primeiro trimestre de 2021, o setor teve expansão de 4,1% em Minas Gerais no segundo trimestre e, no mesmo período, sofreu decréscimo no volume de VAB na manufatura de 2,2% na economia nacional.
A atividade de energia e saneamento, que teve queda significativa do volume de VAB nos três primeiros meses do ano, se manteve em um patamar reduzido, mas ainda assim, foi 4,0% superior à observada no trimestre anterior. “Normalmente a gente teria uma redução de produção de energia no segundo trimestre, mas isso foi antecipado para o primeiro trimestre e essa redução veio com muita intensidade em relação ao que estava sendo gerado no final de 2020”, esclareceu Leal. “Também devemos lembrar que alguns segmentos da indústria têm atividades intensivas no uso de eletricidade”, completou.
As atividades industriais de extração mineral, com expansão de 3,5% no segundo trimestre, e de construção civil, com crescimento de 1,6% em Minas Gerais, registraram crescimento inferior ao observado para o país: a expansão dessas atividades no Brasil foi de, respectivamente, de 5,3% e 2,7% na comparação com o trimestre anterior.
O comportamento dos serviços de transporte também explica o maior nível de atividade da economia mineira nos meses de abril, maio e junho de 2021. Enquanto na economia brasileira houve crescimento de 0,1%, em Minas Gerais a atividade expandiu 1,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
O agrupamento formado pelos “outros serviços” apresentou, em nível estadual (1,1%), resultado ligeiramente superior ao observado em âmbito nacional (0,9%) na comparação com o primeiro trimestre do ano. “Espero que os ‘outros serviços’ continuem em recuperação. A gente não recuperou totalmente, não voltou ao patamar pré pandemia e, com a vacinação, as famílias – que tinham modificado muito o perfil de consumo e deixaram de fazer gastos com esses serviços – podem voltar ao perfil original. Em contraponto, a gente teme que a recuperação ainda muito fraca no mercado de trabalho, a renda das famílias, que está sendo muito prejudicada pela inflação, tenha algum rebatimento no que a gente já começa a perceber em vendas de supermercado, na parte da indústria relacionada à fabricação de alimentos, contrapondo-se aos resultados positivos esperados para os serviços no segundo semestre de 2021”, analisou Leal.
Na análise da série dessazonalizada, a atividade de comércio teve a mesma variação no volume de VAB setorial no estado e em âmbito nacional: a atividade expandiu 0,5% no segundo trimestre de 2021 em relação ao trimestre anterior. No setor da administração pública, o volume de VAB da atividade ficou estável em âmbito nacional (0,0%) e apresentou ligeiro decréscimo em nível estadual (-0,3%).
O setor agropecuário, por sua vez, sofreu retração de 3,2% no volume de VAB em Minas Gerais e de 2,8% no cenário nacional, na comparação do segundo com o primeiro trimestre de 2021. No estado, a queda do nível produtivo da atividade justifica-se pelo desempenho negativo da cafeicultura em ano de baixa na produtividade no ciclo bianual do cultivo e pela redução verificada de produção de outros cultivos relevantes da pauta agrícola mineira (como a segunda safra do feijão, da batata-inglesa e do milho; além do cultivo de algodão herbáceo).
Composição
Do valor do PIB estimado para o segundo trimestre de 2021, de R$ 206,1 bilhões, R$ 22,5 bilhões dizem respeito aos impostos indiretos líquidos de subsídios e R$ 183,6 bilhões referem-se ao Valor Adicionado Bruto (VAB). Em Minas Gerais, na composição setorial para o período, o VAB agropecuário foi responsável por R$ 27,0 bilhões (14,7% do total); o da indústria por R$ 54,7 bilhões (29,8% do total); e o dos serviços por R$ 101,9 bilhões (55,5% do total).
*Foto: Ilson Artesanato/Agência Minas
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