Nesta quinta-feira caminho para fechar a quinta semana de quarentena e reclusão social desde que as medidas foram oficialmente postas em prática por aqui. O semestre presencial foi suspenso, e todas as atividades foram disponibilizadas em plataformas online apenas. Todos os concertos, festivais, concursos e performances foram canceladas, bem como as aulas e performances privadas.
A indústria cultural é provavelmente o setor que mais sofre com esse cenário, já sentindo as graves consequências do grande impacto da situação. Alternativas sustentáveis precisam ser pensadas urgentemente, e incentivos diversos precisam ser colocados em prática.
Por outro lado, com literalmente todos em suas respectivas casas, a profusão de material online cresceu absurdamente. Ao abrir redes sociais como Facebook ou Instagram, me sinto em um aparelho televisivo, devido às diversas opções ao vivo disponíveis para assistir, interagir e ‘likear’.
Embora esse movimento não esteja unido a nível global como um único organismo, muita coisa tem acontecido. Eu particularmente não sou dos mais entusiastas da tecnologia nesse formato. Acredito fortemente que o segredo do mundo, o que faz nossos locais crescerem são os laços entre as pessoas, o contato entre elas. Mas também é o que faz doenças se espalharem, então, por enquanto…. em casa!!!!!!!
Com o panorama, diferentes “nichos” e grupos foram se organizando e surgindo online. Temos alguns aqui nos EUA, como o Ex-Aequo por exemplo. Recém-criado, já montou uma programação nos moldes de um festival online, propõe uma “árvore genealógica musical” e acabou de lançar um concurso online. Esse é apenas um dos muitos exemplos dessas organizações.
Dito isso, a quantidade de material registrado é impressionante, e extremamente prolífica. Todo ele produzido no momento, nas plataformas online, será de grande valor histórico, por dois motivos: Primeiro, pelo conteúdo que apresentam.
No que se refere ao Brasil, plataformas como o Violão Para Todos, AssoVio Vertentes e Violão e Ponto, estão disponibilizando e lançando materiais de alta qualidade e inéditos.
O primeiro projeto, ideia concebida pelo violonista João Camarero, juntamente com Ricardo Dias, promove quase que diariamente transmissões ao vivo com diferentes nomes do nicho musical e violonístico brasileiro, ou até mesmo de instrumentistas que residem fora. A riqueza do conteúdo, juntamente com a contribuição dessas pessoas, tanto as que organizam quanto as que participam, é um prato cheio principalmente para a troca de informações, conectividade, incentivo e guia especialmente para os violonistas mais novos.
Página Violão para Todos
Já o grupo “AssoVio Vertentes” , citado aqui em outras ocasiões, e com sede em São João del Rei, durante a presente semana estará compartilhando e divulgando em suas redes sociais performances inéditas dos também mais variados e importantes violonistas do país. O diferencial aqui são justamente os vídeos que antes não estavam disponíveis. A videografia e biblioteca que isso cria é impressionante, nos dando um panorama extenso sobre o violão brasileiro, no que se refere aos intérpretes e repertório: o que está sendo feito e como está sendo feito.
Página AssoVio Vertentes
O coletivo Violão e ponto está promovendo ao longo do mês de Abril uma série de bate-papos ao vivo com os mais diversos profissionais e músicos. O projeto está sendo transmitido via Instagram, uma das mais movimentadas redes sociais hoje e que tem sido um canal bastante forte de conexão com o público. Os assuntos são os mais diversos, bem como o time que está participando da programação.
Violão e Ponto Site
Além do conteúdo que apresentam, toda a profusão de conhecimento que vem explodindo pelas redes, é um ótimo ponto a ser estudado futuramente, como um reflexo da sociedade em que estamos inseridos, meios de comunicação entre os indivíduos, como reagimos ao tipo de problema passado e, como o atual estágio foi transformado no que é.
Tive uma querida professora na graduação que diria: “isso dá tema pra mestrado e doutorado!!” Estamos fazendo história. Registrem esse momento, das mais diversas formas. Como vamos lidar com isso a médio e longo prazo, boas escolhas ou não, é outra questão. É importante que se produza muito material, das mais diversas formas possível, assim, podemos refletir sobre o que foi feito e aprimorá-lo cada vez mais. O processo de reflexão é fundamental. Por isso, não sejam alheios. Participem, façam, registrem! Se preciso, mudem depois, mas faça!
Uma questão pertinente para o futuro também é como tornar isso sustentável, levantada anteriormente. Todos sabemos como a arte é importante, especialmente em condições como essas. Mas, nem todos sabemos realmente dar valor. Torço para que todo esse material produzido seja útil também para mudar nossa relação com o produto que nós mesmos criamos e necessitamos.
Octávio Deluchi
Prados Online
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